Sua empresa precisa mesmo de um squad?

Na última semana, ouvi a mesma conversa de pelo menos três gestores: “Quero montar uma squad e começar a mudar as coisas aqui na minha empresa.” E eu me perguntei: 

“Será que o modelo de squad é para estas empresas?”

As empresas, neste caso, são médias, atuam na economia tradicional, estão sendo geridas pelos próprios fundadores e o modelo de gestão ainda está em formação.

Pela forma como tenho escutado o termo ser utilizado, percebo que estamos vivendo um momento de popularização e até banalização. 

Sou um evangelista, apaixonado pelos modelos e práticas de gestão ágeis, e me preocupa ver como eles acabam sendo adotados de forma indevida.  

Modelo de squad do Spotify

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Desde que o Spotify apresentou a forma em que o seu time de desenvolvimento trabalha, ele caiu na graça de muita gente e virou sinônimo de transformação digital e cultural. 

O squad é bom para Spotify, mas é bom para a minha empresa?

O modelo nasceu para solucionar um baita problema que a empresa vivia, ela precisava escalar rapidamente um time de 10 desenvolvedores para os atuais quase 2.000. 

Em poucos meses depois de sua fundação, a então startup tinha dezenas de times ágeis espalhados pelo mundo com suas sprints, backlogs e reviews rodando simultaneamente.

Não demorou para perceberem que precisariam evoluir o modelo de gestão e concluíram que as práticas existentes, quando não limitavam o crescimento, não garantiam a entrega.

A prioridade era atingir seus resultados o mais rápido possível, um pouco diferente do que eu vejo nas empresas tradicionais, que, em geral, estão priorizando o controle e a segurança.

Se o objetivo era ganhar velocidade, o caminho passava pela descentralização.

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O time passou a ser reorganizado e redistribuído, dando origem a uma série de micros e macros divisões. Assim, nasceu o famoso squad, o menor agrupamento de engenheiros naquela estrutura, que tem em seu DNA resolver uma parte dos desafios da tribo que pertence.

Este micro agrupamento utiliza métodos ágeis de trabalho como scrum e, em algumas situações, trabalha em sinergia com diferentes squads e tribos.

O conceito base deste modelo é a de que um time maduro e “auto gerível” possui todas as competências necessárias para resolver por conta própria a parte que lhes cabe de uma visão maior e, quando há dúvidas, o guia é o cliente.

Apesar do modelo ter nascido para permitir com que um negócio específico adquirisse a capacidade de alcançar larga escala de desenvolvimento rapidamente, ele pode, sim, ser adaptado e gerar bons resultados em outras realidades de negócio. 

Mas se você não quiser correr o risco de adotar o termo de forma banal e tiver interesse em utilizar o máximo do potencial deste modelo, se questione primeiro:

  • A visão do meu negócio está clara e é centrada no cliente?
  • Minha empresa já está orientada a trabalhar por resultados?
  • Minha equipe e eu temos maturidade para trabalhar com liberdade?
  • O ambiente na minha empresa permite que o time experimente e erre?
  • Sei quais são os objetivos e o perfil do time?

E, se por acaso ainda tiver dúvidas, pense um pouco mais sobre os motivos que o estão levando a montar um squad na sua empresa.

Se for por questões culturais, institucionais ou simplesmente por que achou “legal”, repense um pouco e avalie como seu comportamento como líder e se pergunte:

O que posso mudar no dia a dia para trazer um pouco de empoderamento e descentralização para o meu modelo de gestão e o que eu tenho a ganhar com isso?

E pense bem antes de sair por aí chamando seus times internos de squads!

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